Diário do Caminho Inca ( 1 )

Diário do Caminho Inca ( parte 1 )

Machu Picchu

 
1º  , 2º  e 3º   dias   ( 30 /31 de  agosto e  01 de Setembro de 2015  )


 
Após  a  natural ansiedade da  partida, eu  e minha companheira  de  viagem  (Sandra, irmã  mais nova),  finalmente  relaxamos na  chegada a  Lima.  O  receptivo  demorou um pouco  no  aeroporto da  capital  inca   e   aproximadamente   uma  hora  após o  desembarque fomos  transportadas para  o hotel  numa  van. Chegamos em Lima  no horário  do  almoço e   logo  depois  que   deixamos a  bagagem no  apartamento  nos  dirigimos   ao  restaurante  do  hotel. A  culinária  peruana é   considerada  uma  das  melhores  do mundo  e   está  em primeiro  lugar na preferência  dos  chefs  da  América  Latina.  Escolhemos  uma  refeição leve, frutos  do mar,  e  saboreamos  com prazer. 
 

Depois do almoço  descansamos  por  duas  horas  e no final  da  tarde nossa  guia  nos  levou  para  o city tour  noturno. Nos  surpreendemos  com a  beleza  da  arquitetura  colonial  do  centro de Lima,  cujo  patrimônio cultural  é   de  uma  riqueza  indescritível. 


TJ de Lima

Palácio do Governo ( Lima )
 
Findo o  city  tour  a  guia  nos  deixou  em  um  restaurante  para o jantar .  O  prato  a  base  de  frutos  do mar  estava  delicioso e   exagerei  comendo mais do que meu organismo necessitava.  Não  deu  outra,  à  noite  senti  os  efeitos  disso  e  passei  mal.  Talvez  a  elevada  altitude  também  tenha  causado  a  indigestão.  O  fato  é   que  não  tive  condições  de  acordar  às  3  horas da  manhã para o embarque    do  vôo  com  destino a  Cusco   no dia  seguinte.  Assim  tivemos de providenciar  a mudança  de  horário  do  vôo  e  no  mesmo dia, porém em outro horário,   seguimos  para  Cusco chegando  lá  por  volta  das 13  horas. Tomamos  um susto no momento da  chegada,  pois o pouso  foi arremetido e  o avião em certo momento  ficou meio inclinado, fazendo  voltas  entre as montanhas  da  região  andina. No final  do pouso  e  passado  o perigo, todos  aplaudiram  a perícia do piloto,  como  é o costume.

Chegando em Cusco,   após o almoço  leve e  delicioso   regado  a  chazinho de  coca  que  ajuda  o  organismo a  superar o   " mal de  saroche "  ( como chamam os  sintomas causados pela  elevada   altitude), fomos  descansar  por  duas  horas, período recomendado  para  adaptação  da mudança de   altitude. Tudo  muito  agradável. O povo  peruano  é  muito  receptivo  com  os  turistas,  especialmente os  brasileiros.
 
 
 

 
À  noite  fizemos  um passeio  pelas  lojas  e  feira  de  artesanato,  bem próximas  ao  hotel onde  nos  hospedamos.  Compramos  alguns  artigos   do  artesanato inca  e  casacos de  alpaca,  retornando ao  hotel, pois  já  estávamos  sentindo  os  sintomas  da  altitude  de  mais de  3.500 metros  acima  do nível do  mar. Tanto  eu  como  minha  irmã  dormimos  pouco, pois  a  dorzinha de  cabeça  (principal  sintoma  do mal de   saroche ), nos  incomodou  bastante . 
 
Na  manhã  seguinte fomos  ao passeio  no Parque  Arqueológico  Saqsaywaman, que  é palco de um festival anual durante o solstício de inverno,  cuja  maior  atração é  o templo da  Pachamama ( Mãe  Terra).  Subidas e  descidas  pelos  degraus  dos  monumentos  arqueológicos,  dando  início  à  jornada  inca. Temperatura  em  torno de   8  graus, com  sensação  térmica menor  devido  a  leve  brisa. O dia estava meio   ensolarado, mas  com  um pouco de  chuviscos no início da  manhã  e  a  caminhada  pelas  trilhas  do  parque  já  foi  o treino  inicial para  a subida  na  montanha de   Machu Picchu  dois dias  depois.  Sol,  brisa  suave, tempo bom  com   friozinho  ameno,   cenário da  natureza  de  tirar o  fôlego,  o conhecimento  de um  patrimônio cultural   de  imensa  riqueza,  um povo simpático,  hospitaleiro e  receptivo. Perfeito?  Quase ...  Teve  uma  pequena pedra  no meio do caminho, de  forma  que  o passeio desse  dia  foi  quase  perfeito. 






Saqsaywama




No  terceiro  dia  fomos  conhecer,  junto  com o   mesmo  grupo  do  passeio  anterior,  o centro cultural  de  Cusco, quando pudemos  verificar  como  o povo  peruano  tem orgulho  das  suas  raízes  incas.  Onde  andamos  o fundo  musical  era  a  música  andina,  tocada  através  da  panflaute,  o instrumento  musical  típico do  Peru.  No  Mercado  Central  de  Cusco chamado San José  compramos  algumas  caixinhas  com  sachês  de  mate coca, a  erva  medicinal   considerada  sagrada  pelo  povo  peruano,  pois  é  a  responsável pela  resistência   que  esse  povo  tem  vivendo a 3.500  metros  acima do  nível do mar, aliada  a  uma  alimentação  leve  e   rica  em  leguminosas,  grãos , frutas, verduras  e  frutos  do  mar.  Por  incrível  que pareça, não  vimos  nenhum  peruano muito gordo ou  obeso,  todos  têm  uma  compleição  física  magra  ou  mediana. Com certeza  a  alimentação  saudável  é  um fator  determinante para  esse  biotipo.

No Mercado Central de  Cusco   nosso  guia  de nome Raonaldo,  fez  um pequeno ritual. Pegou  um pão  em uma  das  bancas  do  mercado e  reuniu  todo  grupo. Cada  um  tirava  um pedaço do pão, que  foi  compartilhado por todos. Confesso que peguei meu pedaço com um certo receio sobre a higiene ( sou cheia de cuidados e sempre lavo a mão quando pego um alimento). Mas quando provei o sabor do pão (era realmente delicioso) e percebi o significado daquele  pequeno ritual  simbólico, todo meu  receio se foi e me senti imensamente feliz. O guia falou algumas palavras   sobre a importância de compartilharmos o pão nosso  de cada dia.


Retornando  do  passeio  ao  Centro  Cultural de  Cusco e   após um  banho  revigorante,  fui sozinha  fazer  algumas  compras  nas  lojas   próximas  ao hotel,  pois  minha irmã  já  havia feito logo que chegou  do passeio, antes do banho.  Depois  fomos  jantar  com  música  ao vivo  no  restaurante do  hotel,   e   um  dos  artistas   se  aproximou  da  nossa  mesa  para  nos  vender  o  CD   das melodias que tocavam. Eu  comprei  um  de músicas  românticas, para  presentear  minha  mãe.   Na  hora de  pagar  me  confundi e  dei  uma  nota de  50  dólares pensando  que  eram 50  soles. O  músico  peruano  ao dar  o troco   me fez ver  o  equívoco, demonstrando sua  honestidade.  Minha  irmã  estava  apressada  para  recolher-se  e  descansar, por  isso  nos  despedimos  do músico  nos  desculpando   pela  pressa,  pois  notamos que  ele  se  aproximou  também para  trocar idéias. Lamentei  não poder  conversar  mais  um pouco  com o  simpático  e  "guapo"   músico  peruano.  No dia  seguinte  teríamos  que  acordar bem  cedo,  para  o  passeio  no  Vale  Sagrado a  caminho de  Águas  Calientes,  lugarejo  onde  está  localizada  a  cidade  inca  no alto da  montanha de  Machu Picchu.


( Continuação do  Diário da  Jornada  Inca , no Vale  Sagrado e  nas  ruínas da  cidade  Inca de  Machu Picchu ,  4ª , 5º e  6º  dias ,  na  página seguinte  . Clique  AQUI  )


 

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